Evidências científicas que indicam uma perigosa relação entre a periodontite e o desenvolvimento da aterosclerose foram confirmadas através de um trabalho da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP), com base em revisão sistemática de nove publicações de pesquisas. Ficou claro que o tratamento periodontal ajuda a controlar os riscos da aterosclerose, a qual se caracteriza por um dos fatores mais importantes para a doença cardiovascular.
Segundo a Agência USP de Notícias, a revisão foi feita para analisar a situação atual desses estudos nos últimos 10 anos entre adultos, para colaborar com o trabalho focado na saúde bucal. Os resultados constam da tese de doutorado intitulada “Periodontite e aterosclerose: a base de evidências”, defendida em abril deste ano pela dentista Adriana Paiva Camargo Saraiva, junto ao Programa de Enfermagem Fundamental da EERP-USP. A periodontite tem prevalência de 50% em adultos.
Gorduras fazem a ligação de risco
Para a pesquisadora, “os fatores lipídicos, as gorduras, parecem fornecer os resultados que melhor refletem a associação entre periodontite e aterosclerose. Em todos os trabalhos que avaliaram esses marcadores foram relatadas a sua elevação na presença de periodontite e redução após o tratamento periodontal”. Ficou claro também que quanto maior o grau de severidade e extensão da periodontite apresentados pela população pesquisada, mais evidentes foram as alterações locais e sistêmicas relacionadas com a aterosclerose, como lesões na parede interna das artérias e presença de compostos químicos indicadores de inflamação no sangue. “Os estudos analisados mostraram que, embora as bactérias da periodontia tenham apresentado sensibilidade ao antibiótico, sem o tratamento mecânico da periodontite a antibioticoterapia não foi eficaz, nem para prevenir eventos cardiovasculares recorrentes e nem para restabelecer a saúde periodontal”, ponderou Adriana Paiva.
Cuidados simples, boa diferença
A professoara Eugênia Velludo Veiga, também da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto e orientadora da pesquisa, alerta que é necessário cuidar da saúde bucal antes da doença se estabelecer. Por sua vez, o prof. Mário Taba Júnior, da Periodontia do Departamento de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP), considerou os resultados desse trabalho de extrema importância, porque alertam a comunidade para a associação de problemas bucais com as condições sistêmicas de alta prevalência na população, como a aterosclerose. Observou que “o tema não é novo, mas os estudos recentes de renomados pesquisadores é que tem atraído a atenção de toda a comunidade médica/odontológica, pois sugerem que cuidados simples e rotineiros, como a escovação dentária e visitas ao dentista, podem ter grande impacto na saúde das pessoas”.
FONTE: SAÚDE BUCAL - Ediçao 154 de 10/06/2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário